segunda-feira, 12 de agosto de 2013

O Teatro de Bonecos e o Profissional de Educação: Por um território educativo encantado!

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O Teatro de Bonecos pode colaborar de forma decisiva no processo de Ensino-Aprendizagem em sala de aula, bem como favorecer a integração e entretenimento de toda a comunidade escolar. Neste sentido, o Teatro de Bonecos na Escola pode atuar em duas dimensões distintas: o Teatro de Bonecos Instrumento e o Teatro de Bonecos Processo.

Foi para tratar destas dimensões que o Projeto Fuzuê – Teatro de Animação e o Ponto de Cultura Quilombo do Sopapo ministraram uma mini-oficina para professores da Escola Paraná – Bairro Cristal (Porto Alegre – RS), a convite do Profº Fábio, diretor.

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Numa roda de conversa, os professores puderam conhecer um pouco da experiência do Projeto Fuzuê, através das muitas oficinas que foram realizadas com professores de escolas públicas pelo Nordeste, especialmente no Piauí, Maranhão, Ceará e Alagoas. Leandro Silva, criador e coordenador do Projeto, narrou as diversas experiências educacionais com Bonecos realizadas a partir destas oficinas de formação e da diferença quando o boneco é usado para narrar histórias e ensinar (Teatro de Bonecos Instrumento) ou quando este é usado para se trabalhar diversas disciplinas de forma transversal, integradas e dentro de um processo de formação sistemática (Teatro de Bonecos Processo).

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A Escola Paraná é parceira do Ponto de Cultura Quilombo do Sopapo e juntos inscreveram uma Iniciativa Cultural através do Programa Mais Cultura na Escola, na área de Fotografia e Memória. O Coordenador do Ponto de Cultura, Leandro Anton, falou deste projeto para os professores, das ações a serem realizadas e do valor educacional da Fotografia para a Educação e a Comunidade.

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O Boneco na Educação – Colaborações e Convergências.

O Teatro de Animação demonstra ter um alto valor pedagógico ao possibilitar desenvolver aprendizagens de atitudes transformadoras, ser altamente participativo e questionador, proporcionar recreação e servir como espaço para a expressão de emoções, impulsos, fobias e conflitos, através das ações impressas espontaneamente nos bonecos e/ou objetos, ao fazê-los falar, cantar ou brigar.

Analisa-se, por tanto, que o Teatro de Animação permite o melhor conhecimento da criança. A ânima dos objetos possibilita conseguir, através deles, conhecê-las na íntegra. Assim, podemos ajudá-las no processo de socialização, fazendo-as sentir-se à vontade, sem inibições, propiciando um ambiente de conforto e liberdade onde possa expressar suas ideias e opiniões sem constrangimentos. Permitindo, desta maneira, que o professor conheça a fundo a verdadeira personalidade, os reais valores e o nível de desenvolvimento psicológico da criança ao mesmo tempo em que a estimula a sentir prazer durante a atividade.

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Entre os principais objetivos do Teatro de Animação na Educação, Ladeiras (1998, p.15) enfatiza: a percepção visual, auditiva, tátil e de sequencia de fatos (espaço-temporal), a coordenação de movimentos, criatividade e imaginação, expressão gestual, oral e plástica, memória e vocabulário, e a socialização. E ainda, pondera a utilização do Teatro de Animação como atividade lúdica, entendendo que se para o professor, o Teatro de Animação é uma técnica educativa, para a criança é um jogo que a educa e molda para o convívio social.

Verifica-se que isto acontece espontaneamente quando, por exemplo, uma criança começa a falar e acabado os recursos do seu monólogo, busca a interação com outra figura com a que possa ampliar suas aventuras. Então, a criança começa experimentando o respeitar, exercendo o companheirismo, ao ter que esperar sua vez para falar e ouvir a opinião dos outros e exprimir seu desacordo com argumentos convincentes. Por outro lado, os alunos mais velhos e, mesmo os adultos, encorajam-se a expor mais livremente suas ações, pensamentos e desejos com um boneco nas mãos (NEFESH, 2009).

Interpreta-se que o Teatro de Animação na Educação pode ser visto sob dois aspectos: quando a criança o assiste e quando a criança o cria. Ao assistir, as imagens prendem a criança emocionalmente podendo transformá-la internamente. Já ao manipular objetos, criar os bonecos, a cenografia, os textos e demais partes do Teatro de Animação, são envolvidos o aspecto lúdico e o criativo, através das atividades motoras, a expressão verbal e o trabalho em equipe. Já no caso em que os bonecos/ objetos são utilizados diretamente pelos educandos, tendo o professor apenas como guia, os alunos tendem a desenvolver amplamente a comunicação e manipulação dos objetos. Uma vez prontos os bonecos, a criança sente desejo de animá-lo. Motivada a movimentá-lo, aos poucos junta os sons, palavras e vozes à manipulação (LADEIRA, 1998).

De inicio, o boneco é inevitavelmente um brinquedo, cabendo ao professor-bonequeiro revestir de valores e princípios este novo personagem vivo, e como tal, gerador e responsável de ações e reações. Não convém que o boneco substitua o professor (Idem, p.14), antes que o mesmo seja presente como um participante ativo, questionador.

Existem dois tipos de jogos dramáticos: o jogo pessoal que é a representação de fatos da vida real que podem ser dramatizados pelas crianças através da pantomima e o outro nível que é o jogo projetado (REVERBEL, 1996, p.18), praticado neste caso, com o apoio dos bonecos e objetos, podendo ser facilitados com diálogos, histórias lidas ou contadas em dramatizações espontâneas.

A encenação, o jogo teatral e a brincadeira cênica em si como apresentação artística ou em caráter de prática pedagógica de aprendizagem, possibilitam o trabalho das várias disciplinas da grade curricular; desenvolvendo na criança a capacidade física e intelectual, provocando-a e levando-a a experimentar a passagem do difícil e extenuante, para a satisfação da brincadeira, do prazer, da troca de conhecimentos e da superação individual.

Fotos: Leandro Anton | Jéssica Hiroko

 

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